Deus não está acima de nós Ele está no meio de nós. Seguir Jesus Cristo, e seu Evangelho não é tarefa fácil para nossa humanidade frágil. Jesus no seu Evangelho nos impele a sermos cristãos transmissores do seu amor, compaixão, misericórdia e a vivermos a fraternidade.
Percebemos nossas limitações quando comparamos nossa vivência com o que pede o Evangelho para nossas vidas. A nossa humanidade tende sempre a assumir suas próprias convicções e prazeres que em sua maioria vão na contramão dos valores evangélicos.
Pode-se ver na parábola do bom samaritano (Lc 10,25-37), quando questionado pelos doutores da Lei, sobre o que fazer para ganhar a vida eterna, Jesus apresenta primeiramente a Lei, perguntando o que está escrito nela, quem dialoga com Jesus acentua: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, com toda a alma, com toda a força, com toda a mente e o próximo como a ti mesmo.” (Lc 10,27).
Jesus lhe diz; “respondeu corretamente: faze isso e viverás.” (Lc 10,28). Mas querendo se justificar o doutor da Lei questiona sobre quem será o seu próximo, pois na sua mentalidade e visão religiosa, o seu próximo seria apenas os que comungavam dos mesmos pensamentos, valores religiosos e compreensão de mundo. Mas Jesus mostra-lhes que Deus não faz distinção, Ele apenas espera que o aceitamos com o coração preparado pra receber o seu amor, pois Ele está no meio de nós.
Em outro momento, Jesus nos apresenta a parábola do filho pródigo, ou do pai misericordioso, (Lc 15,11-32). Aquele filho pega o que lhe cabe da sua herança e parte, esbanjando tudo numa vida desenfreada, mas mesmo assim não sai do coração de seu pai, o pai o espera, e avista o filho de longe porque espera por ele.
Que Deus maravilhoso Jesus apresenta nesta parábola, um Pai que nos ama mesmo quando pecamos e nos afastamos d’Ele, mesmo que estejamos vivendo uma vida distante daquilo que Deus espera de nós, Ele está sempre a nos esperar e quer nos acolher como seus filhos e filhas. Por isso se faz sempre presente, e Deus não está acima de nós Ele está no meio de nós.
Mas, nota-se o filho mais velho, ele não tem o mesmo espírito de acolher com alegria e misericórdia que seu pai. Não reconhece mas aquele jovem como seu irmão. Nós somos em grande parte o filho mais novo que nos afastamos do Pai, e somos o filho mais velho que não acolhemos os nossos irmãos que estão voltando para casa, achamos que somos melhores que eles, mas quando agimos dessa forma estamos indo contra o coração amoroso e misericordioso do Pai, e por tanto, mesmo que pensamos está perto e fiel a Ele, estamos longe e infiéis a seu coração misericordioso.
Vejamos quando Jesus age com Misericórdia, é o próprio Pai misericordioso que por meio do Filho se faz fonte misericordiosa no meio da humanidade. Apresenta-se aqui a passagem bíblica da mulher pecadora (Jo 8,2-11), onde o Evangelista São João descreve um cenário de condenação.
A mulher surpreendida em adultério não tem sequer o direito de ser julgada, mas já está condenada por aqueles que se dizem conhecedores da Lei. Mais uma vez Jesus mostra que não é o conhecimento da Lei o suficiente para que estejamos próximo de Deus, e com uma simples resposta: “Quem de vós estiver sem pecado a atirem a primeira pedra” (Jo 8,7), faz com que todos os acusadores reconheçam que são pecadores, e comecem a se retirar “um a um, começando pelos mais velhos até o último.” (Jo 8,9).
Pode-se perceber que todos aqueles que se agarram somente às Leis, como uma moral do certo ou do errado, acaba caindo no grande erro do ante amor, se torna moralista, mas não cumpre nem a moral nem a Lei que tanto defende, e muito menos se tornam capazes de amar.
Refletindo acerca dos Evangelhos, percebemos um Deus que é amor, misericórdia e compaixão. Deus que vem ao encontro da humanidade, Ele não fica a nos olhar de cima, mas vem para o meio de nós. Me sinto um cristão que segue, ou busca seguir um Jesus que apresenta Deus de Amor, Deus que não despreza o ser humano por seus pecados, mas que espera sempre sua volta.
Jesus nos chama a amar o próximo, a rezar pelos que nos perseguem, a não responder com o mal o irmão que nos ofende, nos ensina o respeito, a fraternidade. A partir de Jesus, pode-se ver um Deus que não fica olhando a humanidade e julgando do alto, mas um Deus que desce para junto do povo, que se faz pequeno, assume os nossos pecados e carrega esse peso em suas costas.
Ele que assume a nossa condição humana, sente a fome, o frio, o desprezo do poder político e religioso de sua época. Esse Deus não está acima de todos, Ele está no meio de todos, Ele não está acima de nós, Ele está no meio de nós, foi assim que Ele quis e deixou-nos a promessa “Eu estarei convosco sempre, até o fim do mundo.” (Mt 28,20). E quem somos nós para mudar isso por nossos simples caprichos.
Autoria do texto: Sebastião Caldas
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