A triste e feliz lembrança, recorda-me o dia que te conheci, aquela menina trazia no olhar muitas interrogações, com um sorriso tímido transbordava felicidade, eu a olhava com um grande silêncio que me tirava as palavras e a atitude de falar, fiquei atônito que não sei ao certo quem dirigiu as primeiras palavras. Mas sei que nos cumprimentamos, e seguindo a caminhar pela rua, começamos a conversar, estávamos tímidos, mas começamos a conhecer um pouco mais um sobre o outro, penso que nenhum de nós imaginávamos a bonita história que começava ali.
O tempo foi passando e uma amizade foi se firmando, a distância tornou-se um separador dos encontros e conversas pessoalmente, mas diminuíamos a distância pelas mensagens e ligações que fazíamos. Sempre que o tempo permitia o encurtamento dessa distância era um momento de muita alegria, aquele abraço apertado cheio de carinho era nostálgico, era um momento de felicidade, partilhávamos as histórias de vida sobre o tempo que havíamos passado longe um do outro.
Se tornamos quase confidentes um do outro, sabíamos sobre nós o que ninguém sabia, posso dizer que abrimos nossa vida um para o outro, criamos uma cumplicidade, fizemos coisas maravilhosas, digo no sentido de momentos simples, mas que pela maneira de estarmos juntos eram momentos raros e maravilhosos que com toda certeza ficaram eternizados.
Um certo dia comecei a perceber que não era mais apenas um sentimento de amizade o que eu sentia, mas o sentimento era muito maior. E agora o que eu faria, arriscaria perder ou abalar aquela amizade falando do meu sentimento, ou guardaria pra mim e não declararia a ela?
Um dia desses de encontro feliz e aleatório resolvi contar tudo o que estava se passando, sua reação foi bem tranquila diante do que eu pensava, pois eu já havia deixado transparecer os meus sentimentos. Conversamos e tudo ficou aparentemente bem.
O tempo passou e a nossa amizade continuou, mas em certos momentos esse sentimento que partira de mim começou a abalar, talvez eu a tenha sufocado, não sei, mas tudo começou a ficar um pouco mais distante, a falta que eu sentia da nossa proximidade me levou a fazer algumas cobranças indevidas o que tornou tudo ainda pior.
Daí em diante começou a triste e feliz lembrança. Triste porque não vivíamos mais como antes, feliz porque tudo que vivemos foi de uma grandeza imensurável e que nem o tempo será capaz de apagar. Eram noites e dias com as lembranças corroendo o meu cérebro e queimando o meu coração.
O nosso contato por mensagens e ligações foi criando abismos, pessoalmente era quase impossível, só restaram as lembranças. Lembranças essas que doía pela incerteza de vivermos o que havíamos vivido antes, mas que curava ao saber o quanto foi maravilhoso tudo que vivemos juntos.
O final não sabemos, mas o que sei é que, aquele sentimento parece imortal, sei que tudo pode ser diferente de hoje em diante, mas talvez se um dia nos abraçarmos novamente ainda vai existir muito do que vivemos.
Autoria do texto: Sebastião Caldas
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