O mundo que eu quero é um mundo onde eu possa ser eu mesmo, e que
a maldade não me corrompa tornando-me uma pessoa má, um mundo que eu possa ser
somente aquilo que almeja minha essência, sem interferência da maldade de um
mundo corrompido pelos males, obrigando-me a ser má.
Só quero olhar para uma pessoa vestida com uma roupa ornada por
alguns rasgos e por uma certa ausência de limpeza se aproximando de mim e não
sentir o medo egoísta de que ela possa me ofender de alguma forma. Medo causado
pela dura realidade deste mundo cruel.
Só quero olhar para uma pessoa que sentada numa praça vive uma
mísera vida, sem vir a minha cabeça um julgamento de que aquela vida é sua
escolha, sem antes refletir quais circunstâncias foram levando-a aquela vida. E
sem antes pensar: quem pode escolher ser um miserável?
Do fundo da minha alma agonizante, não suporto o ser insensível
que sinto, cadê a minha compaixão, a misericórdia, o amor, porque me sinto tão
monstruoso, uma casca humana, esvaziada de tudo que enche a alma de amor.
Como posso alcançar o mundo que eu quero, se já me corrompi devido
a maldade que me torna incapaz de amar? Foi o ser desprovido de caridade, de
serenidade, de sensibilidade, de amor e fraternidade que me afetou de tal
maneira que parece faltar forças para vencer essa doença maléfica.
Mas mesmo assim não estou entregue, vou lutar, pois o mundo que eu
quero é um mundo que tenha amor, fraternidade, compaixão e misericórdia, por
isso não deixarei tais malefícios corromper a minha alma, o meu ser, mas
lutarei para não cair no egoísmo e na indiferença.
Eu quero olhar aquele homem juntando lixo na lixeira pra se
alimentar e arder meu coração, eu quero sentir os meus olhos lacrimejando ao
ver aquela mulher chorando porque seu filho foi assassinado em acerto de conta
de drogas, ao ver aquela mãe que ver seus filhos chorando com fome e não tem o
que lhe dá para comer.
Não quero morrer na indiferença, na banalidade de todas as
misérias, não quero morrer, eu quero viver, se não sinto compaixão estou morto,
se não tenho mais amor é porque morri.
Diante da dura realidade descrita pelo meu pensar, sentindo que
estou adoecido por esses males, vou buscar o remédio para minha cura, e este
está na fonte de amor, de misericórdia e compaixão, naquele que sempre olhou
para a realidade de tais pessoas com um olhar especial, que sentou-se à mesa
com os pecadores, que não condenou a pecadora, que abriu os olhos dos cegos e
disse que todas as vezes que fizermos alguma coisa ao menor de nossos irmãos é
a Ele que faremos.
Autoria do texto: Sebastião Caldas
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