essa foto retrata que a praça Getúlio Vargas em coari era uma praça de movimento de famílias e visitantes, no entanto hoje é uma praça sem bancos

Se falando de praça já imaginamos um lugar agradável onde podemos sentar, conversar, lugar de entretenimento entre famílias, amigos e velhos conhecidos, ou até mesmo lugar de conhecer novas pessoas. E era assim numa das mais belas e movimentadas praça da cidade de Coari, a praça Getúlio Vargas, localizada no centro da cidade, considerada por muitos um cartão postal, no entanto se tornou uma praça vazia, silenciosa e sem bancos. 

Em minhas pesquisas sobre o acontecimento de retirada dos bancos não encontrei nenhuma nota oficial da prefeitura em nenhum veículo de comunicação, nem mesmo uma matéria que falasse do assunto, reitero que não descarto a possibilidade de haver, só não foi acessível a minha pesquisa,  mas segundo informações de terceiros a remoção dos bancos se deu por uma solicitação dos comerciantes da área junto a prefeitura municipal, a probabilidade é de que na visão desses a concentração de pessoas em situação de rua morando na praça e principalmente aqueles que vivem no vício do álcool, causasse de alguma forma incômodo para o fluxo comercial daquela área. 

Para os visitantes que chegam na cidade de Coari, aqueles que desembarcam no cais, na escadaria e no antigo e conhecido porto do Roldão, se deparam logo em seguida com a praça Getúlio Vargas, conhecida como praça do Cristo por ter uma imponente estátua do Cristo redentor, como já mencionado acima era um lugar de frequente visitas nas tardes e noites. Depois de um tempo foi crescendo o número de pessoas em situação do vício do álcool, esses abordavam pedindo dinheiro para comprar bebidas os que visitavam e passavam na praça, por serem moradores em situação de rua não possuíam uma boa higiene. Muitas dessas pessoas dormiam e moravam ali.

Em governos anteriores até iniciou-se um projeto de retirada daquelas pessoas colocando-os em uma casa de reabilitação, o que foi um bom projeto de início, mas não se sustentou, isso por vários motivos, dois deles podemos citar aqui, que era a dificuldade de manutenção da casa com profissionais e colaboradores, e o segundo por essas pessoas terem resistências de continuar naquela casa, com o tempo muitos foram saindo, outros fugindo e o projeto foi se esvaindo.

Hoje ao passar na praça Getúlio Vargas em Coari, uma praça silenciosa e sem bancos, principalmente à noite, veremos que não tem mais os moradores em situação de rua, (em situação do vício do álcool) muito menos pessoas se divertindo, crianças brincando, jovens, adultos e senhores conversando, nem os vendedores ambulantes de pipocas e sorvetes. É um silêncio nesse sentido. Isso pode nos levar a um questionamento, esse cenário descrito acima poderia causar incômodo ao fluxo comercial da área e no entretenimento das pessoas que visitavam a praça com suas famílias, amigos e conhecidos? Evidentemente sim, mas podemos nos fazer uma outra pergunta; a retirada dos bancos da praça resolveu a questão das pessoas viciadas no álcool e moradores em situação de rua?

Olhando a situação atual percebe-se que essas pessoas acima citadas apenas mudaram para outros locais da cidade, mas essa realidade continua, é possível que tenha melhorado o incômodo no fluxo do comercio daquela área, mas naquela praça sem bancos já não tem a mesma intensidade de entretenimento de pessoas. Sobre as pessoas em situação de rua, na minha humilde percepção cresce ainda mais o número dos que vivem nesta situação, e não vai ser removendo os bancos das praças que essa situação vai melhorar, pode-se refletir que estamos querendo curar a doença com calmante. Quem sabe pensar um projeto como uma casa de acolhida dessas pessoas com suporte médico e psicológico? Temos um município riquíssimo, quem sabe se investir um pouco mais dessas riquezas no município facilita para um projeto deste nível?

Pode-se perceber que esta realidade não é uma tarefa fácil, mas também não é impossível, mas o que gostaria de pontuar com essa reflexão é a maneira que lidamos com as situações, precisamos de coragem e disposição para pensar e executar projetos que vão além da superfície dos problemas, por exemplo, temos muitos jovens caindo no mundo das drogas, e nós o que faremos? Vamos ficar apenas com o velho e formatado discurso de que isso é escolha deles, ou vamos pensar quais as circunstâncias levaram eles até ali e pensar formas de evitar? Isso vale para todas as outras situações complexas com relação ao desenvolvimento social do município.

 

Autoria do texto: Sebastião Caldas