A missão da igreja de Cristo é árdua e precisa ser enfrentada com
amor e fé. Um amor voltado não simplesmente aos que nos rodeiam ou aos que mais
amamos, mas sim um amor incondicional a todos que de Cristo necessitam, e nossa
missão enquanto cristãos é de acolher a todos na sua diversidade mostrando o
rosto de uma igreja nova, dedicada aos marginalizados, que acredita na unidade
e que antes de tudo prega um Cristo sem interesses materiais, principalmente
sem o interesse nas correntes escravistas do valor de troca desumano do mundo
pós-moderno. A fé deve ser uma fé missionária, motivada pelo compromisso com
nossas comunidades, pastorais, movimentos e primordialmente com os homens e
mulheres que às compõem, duas características que nos motivam a nos espelharmos
no Cristo Bom Pastor pelo bem do reino de Deus.
Este novo
rosto da igreja sentimos ao ver e ouvir os discursos e as atitudes do nosso
santo padre Papa Francisco durante o acontecimento da Jornada Mundial da
Juventude no Rio, atitudes revestidas de uma simbologia cristã muito grande que
alegrou e fez rezar juntas centenas de nações jovens de todo o mundo, eufóricas
e cheias do Espirito Santo de Deus. O agir de nosso pastor retrata as
características humanas e divinas de alguém que ama a igreja de Cristo de uma
forma tão viva que contagia a humanidade. Mas qual o exemplo que nosso pastor
nos deixa? Três características de seu agir nos são fundamentais para a
vivência fraterna de comunidade que retrata o povo de Deus: A santidade, a
humildade e o compromisso.
A pessoa do
Papa nos remete a ideia de Santidade e de fato esta afirmativa nos é verídica,
não a santidade que muitas vezes projetamos como sendo algo tão transcendente
que elimina toda a possibilidade de uma vivência humana do ser santo, mas sim,
apresentada a partir da nossa realidade em contato com o nosso povo sofrido e
mastigado pelo sistema opressor da sociedade contemporânea, o ser santo antes
de ser caracterizado algo extraordinário se apresenta como exemplo vivo do amor
de Deus dentro de nossas famílias, comunidades e sociedade. A santidade de
nosso povo se manifesta ou deve ser manifestada no nosso ser igreja, a
santidade não se faz fora do mundo como tendemos pensar na maioria das vezes,
pelo contrário é dentro desta realidade que se manifesta o nosso agir
assemelhando-se ao agir de Cristo santificando-nos e santificando nosso mundo.
Precisamos acreditar em nós enquanto vocacionados e portadores desta santidade
que é dom de Deus pelo batismo.
O despojamento
de sua santidade retrata o amor a uma vocação vivida principalmente para o
outro, o servir e não ser servido que Jesus deixou-nos. Um servir que
ultrapassa todas as barreiras da diferença, do preconceito, do egoísmo onde
tudo gira em mim e para mim, onde o outro é visto sempre como adversário e não
como irmão, o nosso Eu aparece enquanto Cristo cai. É ultrapassando todas estas
barreiras que vamos caminhar de fato para o bem comum e para uma atitude sempre
comunitária e aberta, o agir de Francisco que vai ao encontro de todos, que
abraça, rir, que dispensa todos os meios de segurança provando que o ser humano
não é uma ameaça para quem de fato ama seu serviço e principalmente ama as
pessoas que dele fazem parte, tem muito a nos ensinar.
A igreja não
se faz unicamente de estrutura material, ela se faz de um corpo maior e mais
significativo que as estruturas; se faz do povo de Deus, por isso requer de
cada um de nós, deste mesmo povo, compromisso. O papa dentro deste agir que nos
admira e nos alegra, se compromete sendo voz crítica e evangelizadora para a
humanidade e principalmente para nossa pátria “amada”, mostrando-nos e
ensinando-nos a lutar por uma igreja cada vez mais libertadora, que distribui o
pão eucarístico, mas também denuncia a falta do pão na mesa do pobre vitimado
pela injustiça, que conhece Jesus e o apresenta as pessoas, mas faz deste
Cristo o formador Maior de nossas comunidades preocupado sempre com o
bem-comum, que crer em Deus; mas também crer no irmão que é a sua imagem.
Comprometer-se requer coragem e determinação dentro da santidade e humildade
que devemos ter, comprometer-se requer antes de tudo amor a Deus e ao nosso
povo.
Nosso caminho
de discípulos é um caminho não tão simples de ser percorrido, para sabermos
carregar nossa cruz se faz necessário ter o olhar sempre fixo em Jesus como
modelo de pastor que ama e acredita no seu rebanho. O exemplo de amor e fé dado
pelo bispo de Roma deve ser para nós modelo de uma igreja solidária que se
renova acreditando na providência de Deus, nossa missão é de acolher este
exemplo e fazer acontecer em nossas paróquias e comunidades o Reino de Deus,
mediante o compromisso com nossa fé.
Autoria do texto:Seminarista Paulo Araújo, 23 a 28 de Julho de 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. Hoje Pe. Paulo Araújo
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