Na primeira casa recebida para uma moradia desse ser, no correr dos anos habitaram muitos moradores. Cada um em tempos e situações diferentes. Com qualidades e limites especiais por 10 anos morou uma criança muito esperta que cursou a faculdade da existência; chegou sem saber uma palavra e quando mudou-se dominava o idioma sem dificuldade. O inquilino Advena era um adolescente, cuja saga nesse território durou por volta de 5 anos. Foi lindo ver o avanço, pequeno é verdade, e, significativo dessa evolução. Quem procedeu foi uma pessoa jovem. Entre sonhos e buscas, choros e sorrisos, ilusões, vitórias e aprendizagens, este foi ocasionalmente por 15 anos, quando a casa recebeu outro inquilino que ainda hoje aí está.
Isto é muito interessante. Chegou maduro e carregado de riquezas humanas e limites existenciais. As vezes há uma mistura de expressões e faces desse morador: as vezes parece uma mescla solitária de poeta sonhador e solitário carente; outras vezes tem um ímpeto de agressividade; chora, se revolta, sente saudade, se arrepende, se excita, se agita; as vezes quer e não pode, outras vezes tem força mas não tem vontade. Nesse ser, passado infanto-juvenil e o gosto esperançoso do amanhã se encontra em disputa sem tempo para acabar.
Essa casa é o corpo onde o tempo determina os moradores que vão passando ao longo dos anos. O dono da casa confiou a chave e aguarda para recebê-la novamente. A sra consciência permanece a mesma com algumas mudanças em “seu visual”.
Somos mudanças. Somos movimento. Na casa da existência, somos hóspedes do corpo e de suas alterações.
Autoria do texto: PRG, em: 11/05/24
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